Blog Ju Passinho
quinta-feira, 23 de julho de 2020
segunda-feira, 6 de julho de 2020
COMENTÁRIOS A LUCAS 1-1;4
Meus amados, confesso
aos queridos que já conto com quase 18 anos de vida cristã, porém nunca havia
me atentado para o estilo de narrativa com o qual o evangelista Lucas inicia
seu testemunho acerca da biografia de Cristo.
Contudo, esta
desatenção não é senão um sinal daquilo que me ensinaram em minhas primeiras
lições bíblicas. “A Palavra de Deus se renova a cada dia”. Esse fato é
corroborado pela própria Bíblia, pois as palavras inicias do versículo 12 do
capítulo 4 do livro de Hebreus, testificam: “Porque a palavra
de Deus é viva, e eficaz...”. Desse modo, vemos que esse renovo que,
dentre outras coisas, caracteriza a essência da Bíblia Sagrada é o mesmo que
afirmar que, diariamente, as Santas Escrituras tem o poder de nos ensinar algo
novo.
Destarte, estas primeiras considerações, que fique claro, não
significa que o entendimento ao qual fiz referência não estava lá, mas sim que
somente agora é que o mesmo saltou aos meus olhos.
Daí, meu amado, caso o Senhor tenha lhe dado algum
entendimento, que posteriormente você venha a descobrir que já vinha sendo
cultivado por outros há muito tempo, não se envergonhe! Deus é Pai de muitos
filhos, contudo com cada um deles mantem uma relação particular. Da mesma forma
é o processo de santificação – ocorre por etapas, mas o tempo de duração de
cada uma dessas etapas depende do indivíduo, lembrando sempre que o Espírito
Santo não é invasor. Ele processa em nós a metanóia (mudança de mente) à medida
que vamos dando espaço para que ela ocorra e quando Deus quer mudar algo em nós
nunca é de forma impositiva, autoritária: primeiro Ele nos conscientiza, nos
ensina, nos exorta para só depois operar em nosso ser na proporção em que nos
permitimos ser transformados por Ele.
Compartilhar essa primeiras considerações com vocês, queridos
me fez lembrar de uma pergunta vinda de uma pessoa ainda não pertencente ao
meio evangélico: “Ju, o que a sua igreja proíbe?” Minha resposta para esta
pessoa foi: “nada”. Acho que não preciso lhes informar de que grande foi o
espanto dessa pessoa ao ouvir tal coisa. Todavia complementei minha resposta
com outro dado importante – onde fui e estou sendo criada para Jesus, o
entendimento é que a própria Palavra ensina em ICo. 6-12: “Todas as coisas me
são lícitas, mas nem todas me convém. Todas as coisas me são lícitas, mas eu
não me deixarei dominar por nenhuma delas.” Desse modo, aos educadores
Cristãos cabe o ensino da Palavra, mas aos discípulos a decisão daquilo que
deve ou não deixar por causa do evangelho.
Não posso precisar com exatidão
qual foi o grau de impacto que minha explicação operou nessa pessoa, mas posso
lhe dizer que a expressão em seu olhar me passou a mensagem de que para ela,
uma vida com Deus passou a ter outro significado, o qual a própria Palavra aponta
como sendo o verdadeiro: liberdade (Gl 5-1).
Reflexões à parte, vamos agora
nos deter a aprender quais foram as providências que o evangelista Lucas tomou
antes de enviar o seu relato a Teófilo, ao qual ele qualifica como sendo
“excelente”. O dicionário Michaelis online traz como definição para o termo:
“que é superior ou muito bom no seu gênero; que se sobressai entre os melhores;
prime, seleto.”
Assim temos que Lucas endereçou a
parte que lhe coube na disseminação do Santo Evangelho a uma pessoa em específico
e me atrevo a afirmar que assim como considerava Lucas excelente a pessoa para
a qual ele escrevia o seu impresso, assim também quis ele demonstrar a
excelência da pessoa de Jesus Cristo a esta pessoa e para isso seguiu alguns
passos que considerou fundamentais ante de conceber o seu texto:
1- Pesquisa
de campo. Veja o verso 2 do capítulo primeiro de Lucas. Claramente ali está
demonstrado de que o evangelista foi a campo em busca de informações acerca
daquilo que se propôs a relatar, não se contentando apenas com o seu próprio
conhecimento sobre a pessoa e os feitos de Jesus (vide parte final do verso 3).
Vemos também da leitura do fragmento que sua fonte mais abundante foi a oitiva
de diversas testemunhas e, melhor! Essas testemunhas não ouviram falar de
Cristo pela boca de terceiros e sim conforme os termos encontrados no próprio
texto: “...segundo nos
transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros
da palavra...”;
2- Ordenação dos fatos. Essa providência está expressa no verso
1 e no verso 3. Após o trabalho em campos Lucas se preocupou em ordenar,
cronologicamente, o quanto coletado com vistas a facilitar o entendimento do
leitor;
3- O porquê dos passos 1 e 2. Perceba que da análise do verso 4, o
próprio Lucas nos responde ao questionamento: “Para que conheças a certeza das
coisas de que já estás informado.” O autor do terceiro evangelho não
menosprezou o conhecimento prévio de seu interlocutor, mas sim contribuiu para
adicionar credibilidade aos fatos dos quais Teófilo já estava ciente e assim
certificar a verdade neles contida.
Os que já professam a fé em Jesus
Cristo frequentemente enfrentam diversas oposições como por exemplo o argumento
de que a Bíblia é um compilado de conhecimentos totalmente desvinculado de
qualquer valor científico.
Entretanto, somente pelos
comentários supra vemos que não há verdade nesse arrazoado. Deixo o amigo
leitor a vontade para pesquisar acerca da metodologia utilizada pelos
pesquisadores, o que na faculdade a gente estuda com o nome de MTC –
Metodologia do Trabalho Científico. O que Lucas fez, foi pura MTC!
A bíblia
é um livro extraordinário e Glórias sejam dadas ao nosso Deus e Pai por ter nos
presenteado com tamanho tesouro! As Santas Escrituras é realmente a bússola do
cristão, pois nos capacita não só para a caminhada cristã, mas também para o
cumprimento da carreira em nossa vida secular.
REFERÊNCIAS
http://michaelis.uol.com.br/.
Acesso em 17 de mai. 2020.
www.bible.com.
Acesso em 17 de mai.
2020.
https://www.bibliaonline.com.br/. Acesso em 17 de mai. 2020.
quinta-feira, 4 de junho de 2020
domingo, 17 de maio de 2020
ALMA DE ARTISTA
Alma de artista é casa vazia;
É mente cheia de rima;
É a tese versus a antítese, esquisitice...
Maluquice de montar palavra.
Alma de artista é fogo que arde;
É o sangue negro derramado no discurso;
É o sangue do nobre;
Azul anil que da artéria jorra.
Alma de artista é o revelado tesouro;
Saído do ventre do verso trovado;
Da prosa afiada e da crônica pura;
É a boca do artista que canta a violência da rua;
Alma de artista é o zumbido;
Estrépido som que usa o nome do inimigo;
E o nome do homicida;
É gente que anda armada da nota, da rima;
Alma de artista é instrumento;
No alento, no talento;
No deslize da pena, da estrofe e do acorde;
Alma de artista... É vida!
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
Memórias de um dia de prova - Parte 1
Voltei à realidade com a voz do Professor Teixeira me chamando e me perguntando se eu lembrava aonde estava. Não, eu não lembrava. Minha presença ali, por tempo que não me me atrevo nem a especular, foi apenas de corpo. Meu espírito estava lá fora, na ciclovia, de onde se via o mar bem de pertinho, com os cabelos ao vento a todo vapor em minha bike, com Geninho e Beca me acompanhando.
Pedi desculpas ao educador e ele culpou a administração do colégio pela minha distração. Estávamos, dada a uma situação emergencial, instalados em uma sala que não era a nossa, desprovida de persianas e, portanto, podíamos contemplar tudo o que acontecia lá fora. Era sexta-feira e nos encontrávamos às voltas com uma complicada prova de física. Complicada mais pelo fato de o Professor Teixeira ser o ministrador da disciplina do que pela ciência em si. Ser o melhor amigo de Geninho, neste aspecto, me era por demais recompensador. Ele, que conseguia ficar tão concentrado quanto uma mosca pousada em qualquer superfície, era fera em tudo o que envolvia cálculo.
Voltei a me concentrar na folha de papel semi-preenchida em minha frente e fiz mais umas duas ou três contas, sinalizando meu raciocínio com algumas setas, mas eu não conseguia parar de pensar nas pessoas do outro lado da rua. Oh, como eu as estava invejando! Gente de todas as idades, de roupa esporte, acompanhadas ou não. Algumas senhoras seguravam os seus chapéus de modo que esses não fossem levados pela ventania. E eu ali... Física... O profº Teixeira...
Beca, o amor da minha vida desde a 5ª série, estava sentada duas fileiras depois de mim. Ela mantinha a cabeça apoiada em uma das mãos e seu olhar parecia distante. Imaginei se assim como eu aspirava ela pela liberdade. Resolvi então perguntar: ergui uma das mãos ao tempo em que proferi o nome do Teixeira em alta voz. Ele me lançou um olhar fulminante e depois ralhou comigo pelo chamado em alta voz. Realmente não havia necessidade de gritar, mas fiz de propósito, pois desejava que Beca olhasse para mim, o que funcionou.
Passado esse momento, Teixeira caminhou até mim bufando a fim de ouvir minha petição. Pus a mão à testa e solicitei que ele me tocasse com vistas a averiguar se eu tinha febre, mas para Beca o meu gesto significava saber como ela estava. Em resposta, minha amada tocou o nariz com a ponta do indicador esquerdo sinalizando que já finalizara a avaliação. Beca tinha paixão por Literatura e Biologia, nunca na galáxia acabaria tão rápido aquela prova sem ajuda. Estremeci de espanto e Teixeira julgou que eu havia tido um espasmo. Controlei-me para não sorrir satisfeito pelo sucesso do meu teatro e em resposta fiz cara de coitadinho. Pender o pescoço me deu a oportunidade de voltar minha atenção, ainda que por um breve momento, para beca que, esticando uma das pernas, deu-me a entender que a pessoa a sua frente era uma "mina", ou seja, alguém que entendia do assunto. Para meu revés a mina não era o Geninho e sim meu maior desafeto, o Fernando.
Estava claro que ele a tinha ajudado para me provocar, pois sabia que Beca era meu ponto fraco, principalmente porque seus pais eram contra o nosso namoro.
Beca, o amor da minha vida desde a 5ª série, estava sentada duas fileiras depois de mim. Ela mantinha a cabeça apoiada em uma das mãos e seu olhar parecia distante. Imaginei se assim como eu aspirava ela pela liberdade. Resolvi então perguntar: ergui uma das mãos ao tempo em que proferi o nome do Teixeira em alta voz. Ele me lançou um olhar fulminante e depois ralhou comigo pelo chamado em alta voz. Realmente não havia necessidade de gritar, mas fiz de propósito, pois desejava que Beca olhasse para mim, o que funcionou.
Passado esse momento, Teixeira caminhou até mim bufando a fim de ouvir minha petição. Pus a mão à testa e solicitei que ele me tocasse com vistas a averiguar se eu tinha febre, mas para Beca o meu gesto significava saber como ela estava. Em resposta, minha amada tocou o nariz com a ponta do indicador esquerdo sinalizando que já finalizara a avaliação. Beca tinha paixão por Literatura e Biologia, nunca na galáxia acabaria tão rápido aquela prova sem ajuda. Estremeci de espanto e Teixeira julgou que eu havia tido um espasmo. Controlei-me para não sorrir satisfeito pelo sucesso do meu teatro e em resposta fiz cara de coitadinho. Pender o pescoço me deu a oportunidade de voltar minha atenção, ainda que por um breve momento, para beca que, esticando uma das pernas, deu-me a entender que a pessoa a sua frente era uma "mina", ou seja, alguém que entendia do assunto. Para meu revés a mina não era o Geninho e sim meu maior desafeto, o Fernando.
Estava claro que ele a tinha ajudado para me provocar, pois sabia que Beca era meu ponto fraco, principalmente porque seus pais eram contra o nosso namoro.
quarta-feira, 14 de junho de 2017
A subversão da ordem institucional e a segurança jurídica
Para quem não está familiarizado com a expressão subversão
da ordem institucional, talvez a conheça como golpe de Estado. Este, por sua
vez, pode ser conceituado como o ato de depor um governo legitimamente
instalado, ou como uma ruptura institucional repentina e, para ficar mais
claro, vamos apresentar o conceito de subversão, de acordo com o Aurélio: Ato ou efeito de subverter. Insubordinação; revolta; ruína;
perversão; destruição.
Feitas estas considerações iniciais, vamos a uma rápida aula
de história: desde o início de nossa trajetória como República em 1889,
registramos nove episódios, aos quais os historiadores, contempladas as
respectivas características, consideraram como espécies de golpes de Estado. O
primeiro deles ocorreu em 1823, e é denominado como “Noite da Agonia”.
Dado pelo próprio imperador, D. Pedro I, contra a primeira Assembleia
Geral Constituinte Brasileira. Essa Assembleia,
eleita e instalada em 3 de maio de 1823, tinha o
objetivo de confeccionar o primeiro texto constitucional. O principal motivo para o
golpe foi as disputas políticas internas dos constituintes, que se dividiam
entre liberais e conservadores e assim o imperador, à época, optou pela
dissolução da Assembleia, o que ocorreu na madrugada do dia 12 de novembro de 1823.
Nosso
segundo exemplo aconteceu 17 anos mais tarde em 1840, durante o período
regencial. Trata-se do Golpe da Maioridade.
Após a Abdicação
de D. Pedro I, em 1831, o herdeiro do trono, D. Pedro II, era apenas
uma criança. Dessa forma, a chefia do país teve que
ser confiada a regentes, entretanto, esse período perfazia-se complicado,
politicamente, vez que a disputa entre liberais e conservadores estava no auge.
Um grupo de deputados e senadores, então, juntaram-se e formaram um clube
chamado “Clube Maiorista” que, após certo interstício temporal contou com a
adesão do próprio Pedro II. Frente a isso, Dom Pedro II ascendeu ao trono em 23
de julho de 1840, antes de atingir a maioridade.
O
terceiro golpe foi a Proclamação da República. Datado de 15 de novembro de
1889, foi na verdade um golpe militar que pôs
fim ao regime monárquico no Brasil. O movimento republicano no Brasil remontava
à época colonial, mas se tornou realmente intenso na época do Segundo Reinado.
Mas para que o golpe contra a monarquia fosse bem-sucedido, os
republicanos necessitavam do apoio da principal autoridade militar da época: o marechal Deodoro da Fonseca.
Para
convencer Deodoro a “proclamar a República”, os conspiradores tiraram proveito dos
prejuízos que as decisões do então ministro de Pedro II, Visconde de Ouro Preto,
acarretavam ao Exército. Além disso, disseram ao marechal que, em lugar de Ouro
Preto, seria nomeado um antigo inimigo pessoal seu: Gaspar da Silveira Martins.
Diante
dessa situação, Deodoro reuniu algumas centenas de soldados e marchou sobre a
cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de derrubar o ministério de Ouro Preto.
Esse gesto, desprovido de participação popular, deu início ao regime
republicano no país.
Nosso
golpe de nº 04, datou-se de 03 de novembro de 1891. O monarquista que proclamou a república (!)
ficou encarregado de chefiar interinamente a nação até que esta tivesse uma Constituição. Em 14 de fevereiro de 1891, o texto constitucional ficou
pronto e Deodoro da Fonseca foi eleito indiretamente o Presidente da
República, ficando a vice-presidência sob a égide do também marechal Floriano Peixoto.
Deodoro
passou o primeiro ano de seu governo sofrendo pressão dos oposicionistas e, por
causa disso ,dissolveu, via decreto, o Congresso Nacional em 3 de novembro de 1891. Em seguida, para completar o golpe, instaurou, com
outro decreto, Estado de Sítio
no Brasil.
O próximo fato histórico aqui a ser narrado, assim creio eu, provocará
sinestesia nos leitores: vinte dias após o golpe de 03 de novembro Deodoro da Fonseca renunciou ao cargo
de presidente, diante da reação da marinha brasileira, que ameaçou bombardear a
cidade do Rio de Janeiro caso o presidente continuasse no cargo. Essa reação
ficou conhecida como Primeira Revolta da Armada.
O assento
presidencial foi ocupado pelo vice, Floriano Peixoto, porém,
a Constituição da
época previa a convocação de novas eleições presidenciais, vez que Deodoro
governara por período inferior a um ano. Floriano, no entanto, não convocou as
novas eleições com a justificativa de que a Constituição de 1891 determinava a
convocação de novas eleições só se o presidente tivesse sido eleito diretamente
pelo povo, o que não ocorreu no caso de Deodoro da Fonseca. Essa “brecha” na Lex Mater sustentou Floriano no poder.
Sexto golpe: a Revolução
de 1930. De cunho civil-militar, este movimento foi encabeçado por
lideranças dos estados da Paraíba, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que juntas
lutaram contra todo o restante do país.
Seu estopim foram
as eleições presidenciais daquele ano. Por intermédio de um resultado
fraudulento, o candidato da situação, Júlio Prestes, indicado como sucessor do então presidente Washington Luís,
foi eleito o novo presidente, mas, ao contrário do que ocorria antes, nos áureos anos da
Primeira República, a oposição não aceitou o ardil e partiu para o
enfrentamento físico.
O governo impopular perante as massas sucumbe facilmente e
Getúlio, então candidato da Aliança Liberal, assume o poder, em caráter
provisório, a 3 de novembro de 1930. Dá-se assim início à “Era Vargas”.
O sétimo lugar
de nossa lista vai para o golpe intitulado como “Estado Novo”. Em 1934, Vargas
é confirmado no poder elegendo-se, indiretamente, Presidente da República. O
estadista lidou com diversos problemas. O principal deles foi a chamada Intentona Comunista, todavia as forças do governo não
tiveram dificuldade em sufoca-la.
Esse gesto, no
entanto, não afastou os fantasmas do comunismo e do tenentismo a ele
associados. Essas duas frentes, por sua vez, eram forças a serem suprimidas,
segundo a ótica dos militares e das lideranças civis contrárias a Getúlio.
Em 1937, foi
descoberto um suposto plano de uma revolução comunista a ser executado no
Brasil, o chamado Plano Cohen. Esse plano teria sido forjado pelo capitão Olímpio Mourão Filho (conhecido membro do Integralismo,
grupo que, no início da década, apoiava o então presidente) com o
objetivo de provocar alarde na opinião pública e justificar um golpe de Estado
e a formação do Estado Novo. Vale salientar que a adesão/simpatia
popular ao golpe não ocorreu de
forma instantânea, mas de uma ação estatal que perdurava desde 1935. O Governo
Federal, por intermédio da propaganda, foi implantando no seio da sociedade (qualquer
semelhança...) o quanto era “letal” o comunismo, fazendo com que a sociedade se
amedrontasse e o repelisse caso houvesse uma tentativa de implanta-lo no país. Por
fim, o Sistema político, de caráter ditatorial, iniciado em 10 de
novembro de 1937, conhecido como Estado Novo
perduraria até o ano de 1945.
Em penúltimo lugar, está a deposição de Vargas em
1945. O grande paradoxo (ou o engraçado) é que os mesmos militares que facilitaram sua ascensão
ao poder providenciaram a sua queda.
O mundo
aspirava ao fim da Segunda
Guerra Mundial e Vargas, assim dizem as más línguas, era simpatizante do fascismo europeu tendo, inclusive, se aproximado da
Alemanha nazista no início do Estado Novo, mas dela afastou-se nos meados do
conflito (por pressão dos americanos, segundo alguns historiadores, temendo
sermos invadidos por estes) passando a apoiar as potências aliadas, como EUA,
Inglaterra e URSS, que foram vencedoras da guerra.
O
cenário pós-guerra veio então impregnado de mensagens de paz, democracia e
direitos humanos e essa nova roupagem com a qual se guarnecia o mundo fez com
que o Estadista se convencesse de que não teria cabimento continuar um regime
nos moldes do Estado Novo. Iniciou então um processo de abertura democrática
que visava nada mais que sua permanência no poder.
O
estadista gaúcho aproximou-se tanto do PCB, bem como das bases operárias
urbanas acreditando que ali estava o apoio necessário para conseguir seu
intento. Essa aproximação resultou no Queremismo e no aumento do descontentamento das
lideranças liberais e militares para com o Chefe de Estado. A “gota d'água” veio
com o afastamento do então chefe de
polícia do Distrito Federal João Alberto Lins de Barros. Em resposta, tropas se
mobilizaram no Distrito Federal. Gaspar Dutra e outros militares, procurando evitar
derramamento de sangue, propuseram a Vargas que assinasse um documento de
renúncia ao cargo. Passado esse momento, Getúlio refugiou-se em sua cidade
natal, São Borja.
Chegamos então ao final da primeira parte deste
postulado apresento-lhes o item derradeiro de nossa lista: O Golpe Militar de 1964. Seus principais fatos são:
João Goulart, nos anos de 1963 e 1964,
apresentava uma postura polêmica ao incitar militares de patente baixa, como
sargentos, a se insubordinarem contra a hierarquia militar;
Além
de apoiar as reivindicações de reformas dentro da estrutura militar, Goulart
também tinha propostas de reformas de base em outros setores, como o setor
agrário.
Em
meio a essa ambiência, na madrugada de 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho (sim, ele
mesmo!) mobilizou
suas tropas de Juiz de Fora contra o governo. Ao mesmo tempo, no Rio de
Janeiro, Costa e
Silva liderou outra ofensiva,
independente da de Mourão. Goulart, no dia seguinte a essas ações, não havia
ainda se manifestado.
No
dia 2 de abril, o Congresso Nacional, pensando que o presidente havia se
exilado, declarou a presidência vaga. O presidente do Congresso, Ranieri Mazzili, assumiu
o posto. Goulart ainda não havia saído do país, mas já era tarde: a decisão do
Congresso estava tomada e, a dos generais, idem. Estes instalaram o Supremo Comando Revolucionário e escolheram, por meio do Ato Institucional
nº 1, um novo presidente para o Congresso.
Ante
a exposição acima, o que se concluí? O Brasil parece fadado a repetir
ciclicamente seus acontecimentos históricos. Recomendo assistirem aos filmes
“Mauá – o Imperador e o Rei” e o também brasileiro “Eles não usam Black tie” para
depois refletir: mudou alguma coisa em nosso país? E nesse ponto alguém me
pergunta: “Juliana, cadê a segurança jurídica?” Afirmo-lhes que a mesma é um
princípio constitucionalmente garantido não de maneira expressa, mas implícita
e para que a mesma exista pressupõe-se uma ordem jurídica em que se
garantam importantes instrumentos para a defesa dos particulares em face do
Estado e seu poder de império. Em cenários politicamente instáveis, esta fica
ameaçada e sua manutenção comprometida, pois geralmente cometem-se atos travestidos
de legalidade com propósitos outros que não o alcance da justiça.
Em Direito, além da adequação da norma ao caso concreto, existe a preocupação
com os precedentes, ou em outras palavras com a jurisprudência, entretanto o
verbete precedente expressa melhor o entendimento que devemos ter agora e me atrevo
a afirmar que uma vez alcançada tal meta, sua profundidade será de cunho
paradoxal. A resposta está na leitura
das entrelinhas, contudo nossa mente tenderá a vasculhar a fim de encontrar o porque
da construção de um arcabouço jurídico tão voltado a nos proteger das
vicissitudes dos perfis ditatoriais e coronelistas se ao final lançar mão das,
por assim dizer, ferramentas destes regimes parece mais célere e eficiente.
É triste perceber o abalo que os alicerces trazidos pela Constituição de
1988 vem sofrendo. Ordem e progresso é o que diz a nossa flâmula e não o
contrário.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, Cláudio. "Quantos golpes de
Estado houve no Brasil desde a Independência?"; Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/historia/quantos-golpes-estado-houve-no-brasil-desde-independencia.htm>.
Acesso em 23 de agosto de 2016.
http://www.infoescola.com/politica/golpe-de-estado/. Acesso
em 23/08/2016.
https://dicionariodoaurelio.com/.
Acesso em 23/08/2016.
http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/revolucao-de-1930/.
Acesso
em 29/08/2016.
http://www.infoescola.com/brasil-republicano/estado-novo/.
Acesso em 29/08/2016.
domingo, 31 de julho de 2016
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